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Polo Ecoturístico da Ilha Grande, Angra dos Reis, RJ

Relatório de Análise Turística (julho 2002)

Perfil do Turista da Ilha Grande


Inventário

Os questionários foram aplicados em 194 turistas. Destes, 65 foram feitos no traslado da barca para Angra, 25 no traslado em escuna para Mangaratiba e 35 foram feitos em passeios nas escunas para Lagoa Azul e Lopes Mendes. Os demais foram preenchidos em algumas pousadas, praias e nas ruas da Vila do Abraão.

A separação entre turistas e excursionistas foi verificada em 1999, conforme tabela.

mpe ilha grande resumo perfil turistas

Renda Pessoal

mpe ilha grande perfil renda 

Faixa Etária

mpe ilha grande faixa etaria

Escolaridade

mpe ilha grande perfil escolaridade

Tipo de Hospedagem

mpe ilha grande perfil hospedagem

Motivo da Viagem

mpe ilha grande perfil motivo viagem

Turistas x Excursionistas

Turista
É a pessoa que se desloca para for a de seu local de residência permanente, por mais de 24 horas, realizando pernoite, por motivo outro que o de não fixar residência ou exercer atividade remunerada, realizando gastos de qualquer espécie com renda auferida for a do local visitado.

Excursionista
Também conhecido como Turista Itinerante, excursionista é toda pessoa que se desloca individualmente ou em grupo para local diferente de sua residência permanente, por período inferior a 24 horas, sem efetuar pernoite.

 mpe ilha grande perfil turista excursionista

 

 

Relatório de Análise Turística da Ilha Grande

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Polo Ecoturístico da Ilha Grande, Angra dos Reis, RJ

Relatório de Análise Turística (julho 2002)

Visitação da Ilha Grande


O turismo no Brasil vem crescendo a cada ano. As razões são várias, como:

  • tendência mundial
  • crescimento da população
  • maior poder aquisitivo
  • mais tempo livre
  • maior facilidade de viajar
  • maior nível de informação disponível sobre destinos turísticos.

Cada vez mais as pessoas ao saírem de férias procuram lugares selvagens para viajar.

A Ilha Grande, além de seus atrativos naturais, se destaca pela proximidade dos dois maiores centros urbanos e receptivos do Brasil: Rio de Janeiro e São Paulo.


Indicadores Gerais da Ilha Grande

mpe ilha grande indicadotes turismo


Aumento do Número de Leitos vis-à-vis Número de Pousadas

A Ilha possui inúmeras praias, remanescente de Mata Atlântica, picos, morros, trilhas e clima tropical. Assim sendo, recebe uma quantidade maior de turistas a cada ano. Esse aumento de turistas é visível no aumento do número de UHs (unidades habitacionais) da Ilha e no aumento do número de passageiros transportados pela Barcas S/A.

mpe ilha grande pousadasxleitos

 

Aumento do Número de Leitos entre 1995 e 2002

O ritmo de crescimento do número de leitos é na ordem de 13% ao ano entre 1995 e 2002. Uma das conseqüências da maior oferta de leitos foi a guerra de preços na baixa temporada. Outro fator é a ilegalidade de certos estabelecimentos, o que causa uma concorrência desonesta.

Aumento do Número de Leitos em função do Número de Passageiros da Barca

Pelo gráfico abaixo fica visível que o maior número de UHs está relacionado ao aumento do número de passageiros transportados. Este crescimento do número de passageiros é também reflexo do aumento do número de turistas que visitam o Brasil.

Um dado coletado em pesquisa realizada entre os dias 12 de agosto de 2002 e 26 de agosto de 2002, feita pelos monitores inventariantes do Programa MPE, demonstrou que da totalidade de passageiros pagantes transportados pela barca, 28% representam os turistas.

Os 72% restantes estão divididos entre moradores, diaristas e prestadores de serviços. Esses valores correspondem ao mês de agosto (baixa temporada), nos meses da alta temporada esta proporção pode se alterar. Uma recomendação é que essa estimativa seja feita no período da alta temporada.

mpe ilha grande pousadas pax barcas 1997 2002

mpe ilha grande nr pousadas fluxo turistas nacional

 

Transporte Angra dos Reis - Ilha Grande / Barcas S.A.

Até 1997 o transporte via barcas era feito pela Companhia de Navegação do Estado do Rio de Janeiro (Conerj), após 1998 a empresa foi privatizada e ficou conhecida como Barcas S.A. O número fornecido pela empresa engloba o total de passageiros pagantes transportados mensalmente e anualmente desde 1997. É necessário levar em conta que, com o aumento do número de pousadas, muitas escunas começaram a fazer este transporte. Ou seja, houve um aumento da concorrência.

Durante a semana o valor cobrado nas escunas é três vezes superior ao da barca, já no fim de semana o preço corresponde a 66% do valor da barca (valores de agosto de 2002).

mpe ilha grande preco barcas escunas


Existem uma porta principal de entrada na Ilha e algumas secundárias. O portão de entrada da Ilha é a Vila do Abraão, pois é a única que recebe a barca. Na Vila estão também a maioria das pousadas, campings, embarcações e restaurantes.

Distribuição das pousadas nas vilas da Ilha. A coluna três corresponde à quantidade de pessoas, sendo leitos relativos as pousadas e capacidade aos campings.

mpe ilha grande pousadas leitos ilha


Aumento da Oferta de Leitos

O aumento da oferta de leitos pode ser comprovado pelos dados colhidos durante a fase de inventário, sendo os mais atuais disponíveis a este respeito.

A quase totalidade das pousadas é composta por empresas familiares onde não existe a preocupação de fazer uma coleta de dados para estatísiticas. Quando existem, estes dados são folhas escritas à mão. Mas algumas pousadas já perceberam a importância de se fazer um banco de dados de seus hóspedes assim como de suas taxas de ocupação. E, dessas pousadas conseguimos a variação da taxa de ocupação média mensal ao longo dos anos.

O gráfico abaixo mostra a taxa de ocupação das pousadas mensalmente (dados fornecidos por pousadas da Vila do Abraão, 2002).

Pelo gráfico é possível verificar a sazonalidade do turismo separando as épocas de alta e baixa temporada. Claramente a Alta Temporada da Ilha Grande é no verão brasileiro e corresponde aos meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março. O mês de abril ainda apresenta um bom fluxo de turistas, sendo influenciado pelo feriado da Semana Santa.

A Baixa Temporada está relacionada ao inverno com queda de temperatura do ar e da água do mar - maio, junho e agosto. No mês de julho, apesar de ainda ser inverno, o aumento do número de turistas está relacionado às férias escolares.

mpe ilha grande tx ocupacao pousadas 2000 2002

 
No gráfico abaixo observa-se que o número de passageiros transportados pela barca é maior nos meses de verão, confirmando a sazonalidade.

mpe ilha grande visitacao transporte barcas

 

 

Relatório de Análise Turística da Ilha Grande

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Polo Ecoturístico da Ilha Grande, Angra dos Reis, RJ

Relatório de Análise Turística (julho 2002)

Piratas

Fonte: Apontamentos para a história do Rio de Janeiro, Angra dos Reis e Ilha Grande, Carl Egbert Vieira de Mello


Os Piratas na Ilha Grande

ilha grande piratas brasileirosPiratas fizeram morada na Ilha Grande que teve um importante papel histórico, de destaque internacional, registrando episódios de pirataria, tráfico de escravos e contrabando de mercadorias ocorridas entre os séculos XVI e XIX.

Com a descoberta do ouro e da prata no Peru, no fim do século XVI , a bacia do Prata tornou-se o local de onde as riquezas vindas do Peru eram carregadas pela frota espanhola. Entre a Europa e a bacia do Prata os locais mais convenientes (ao sul) para o reabastecimento de água e lenha eram as ilhas de Santa Catarina (Florianópolis, SC), São Sebastião (Ilhabela, SP) e Ilha Grande.

No mesmo período, ocorreu o fim da “Invencível Armada”, quando Portugal ficou sob o domínio espanhol que incorporou a maior parte da armada lusitana. Portugal, estando desfalcado de sua esquadra, ficou a costa brasileira desprotegida. Desse fato resultou a intensificação do contrabando do pau-brasil e depois, de muitos outros tipos de contrabando.

Piratas e aventureiros de várias nacionalidades navegavam pela costa brasileira e assaltavam as naus espanholas carregadas de riquezas. Diversos pontos da costa brasileira serviam de refúgio, abrigo e porto de abastecimento. A Ilha Grande destaca-se. Nela os contrabandistas e piratas encontravam o abrigo mais seguro, além da tranquilidade para obter o repouso necessário. Havia fartura de água potável e madeira e dificilmente eram molestados pelos portugueses.

Piratas ingleses

A ilha foi atacada em 15 de dezembro de 1591 pelo Corsário Inglês Thomas Cavendish, que saqueou os viveres e pertences da população local e ateou fogo em suas residências, rumando em seguida para Ilha Bela para organizar seu ataque à Vila de Santos.
Sobre essa história foi editado o livro “Piratas no Atlântico Sul” de Ernesto Reis. A história registra um grande número de corsários ingleses que surgiram em nossa costa, ora traficando escravos e contrabandeando pau-Brasil , ora abordando navios e saqueando
cidades. No Sul, seus lugares preferidos para a espreita eram as ilhas: da Marambaia, dos Porcos, Grande, São Sebastião, Santa Catarina, onde passavam as frotas espanholas e lusitanas que iam e vinham do Prata carregando riquezas, durante os anos de 1585 a 1605.

Em 1617 a Ilha Grande sofreu inúmeros ataques feitos por piratas. Eram tantos os ataques e abusos acontecendo no trecho de Cabo Frio a Santa Catarina, que Felipe II da Espanha resolveu manter uma guarda costeira para a região, nomeando Martim de Sá seu comandante. thomas cavendish pirata brasileiroO pirata Juan Lorenzo, protegido do rei Felipe II, da Espanha, construiu uma casa-refúgio perto da praia, que ele batiza de Morcego. A casa é considerada a terceira construção de alvenaria do país.

Thomas Cavendish, pirata inglês, passou os últimos anos de sua breve vida (morreu aos 31 anos) no Brasil, exercendo grande influência nas cidades por causa de seus ataques e saques constantes. Cavendish ganhou notoriedade ao participar da dominação da Virgínia, nos Estados Unidos. Após mais algumas expedições para o Oriente, resolveu se aventurar nas águas ao sul, onde finalmente encontrou o lugar em que mais atuou em toda a sua vida. O inglês chegou a atacar Vitória, no Espírito Santo. Ilha Grande, no Rio de Janeiro. Ilhabela, em São Paulo. Em Santa Catarina, queimou engenhos e fez muitos escravos pela região.

Piratas holandeses

Os holandeses também marcaram presença na Ilha Grande, no início do século XVII. Registraram-se alguns conflitos entre holandeses e mestiços índios-portugueses que habitavam a Ilha. Os holandeses deixaram herança genética na ilha, o que pode ser observada pela presença de nativos com alguns traços índios, olhos azuis e cabelos loiros. Com a invasão holandesa no norte do Brasil, a frequência daqueles navios tornou-se rara na baía da Ilha Grande.

Piratas franceses

Depois dos holandeses que tiveram passagem curta pela Ilha Grande, vieram os franceses, no início do século XVIII e por 17 anos (1701-1718). Um dos pontos de interesse dos corsários franceses pela Ilha Grande, residia no fato da ilha ser vizinha à Paraty, porto marítimo de escoamento do ouro extraído das minas gerais; a inexistência de fortificações e de tropas; abundância de lenha e água, além do que, preferiam a Ilha Grande para se refrescarem, pois a geografia dela apresentava, ante qualquer surpresa,uma melhor possibilidade de fuga. Existem registros de que vários navios carregados de mercadoria de origem francesa, principalmente de tecidos, descarregaram na Ilha Grande, precisamente nas enseadas das Palmas, Abraão e Sítio Forte.

Mesmo com a extinção da pirataria francesa em função de tratados de política internacional, os franceses continuaram navegando a costa legalmente, transportando colônias de franceses destinados a ilhas francesas no extremo sul da America-Latina. As razões pelas quais eles continuaram a preferir as águas da baía da Ilha Grande explica-se: na época, os navios de carga não pagavam os carregamentos de água e lenha, mas se esses eram feitos no porto do Rio de Janeiro havia sempre despesas e intermediários para o transporte até o navio. Atracar na Ilha Grande e dela tirar o que quisessem era bem mais fácil.

Piratas argentinos

Em 1827 aconteceram três ataques de corsários argentinos na Ilha Grande, autorizados pelo governo argentino. Um contra a fazenda de Dois Rios, outro ocorreu na ponta de Castelhanos e o último deu-se na enseada das Palmas. Os três ataques foram rebatidos pelos fazendeiros e forças militares postadas na Ilha. Batalhas foram travadas. No último ataque, os argentinos perderam um navio que foi incendiado pelas forças brasileiras.

 

pirata jean lafitteNotas

Pirata do grego peiratés, literalmente “aquele que ataca”, de peiran, “atacar, hostilizar”.

Corsário veio do Italiano corsaro, do latim cursarius, de cursus, “corrida, curso”, de currere, “correr”. O corsário é o pirata que possuía uma Carta de Corso, uma licença de um governo para atacar embarcações inimigas, e era uma forma barata de ampliar a frota ofensiva de um país. Os corsários recebiam permissão para atacar embarcações inimigas daquele país durante o período de guerras, tinha autorização de saqueá-las, pagando até 1/5 do saque à Coroa, e podia se refugiar nas colônias do reino que conferiu a Carta. Ao fim da guerra, voltavam a ser meros piratas.

Bucaneiro é o pirata do Caribe. A raiz da palavra bucaneiro está no francês “boucanier” - o boucan é um grelhador usado para fazer carne defumada pelos índios Arawak, nas Caraíbas .

 

 

 

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Relatório de Análise Turística da Ilha Grande
(2002)

Contexto Socioambiental

ilha grandeangra

A população da Ilha tem como característica social marcante a segmentação das comunidades. São 5 associações, 3 entidades ambientalistas, 2 órgãos estaduais de controle ambiental e 8 grupos religiosos. A maioria dos grupos não se compatibilizam e possuem segmentos diferentes em cada um.

Nos últimos anos o crescimento do turismo e a urbanização da Ilha têm se intensificado e a consequente ocupação desordenada tem gerado discussões acerca do desenvolvimento sustentável da Ilha Grande.

Embora já tenha sido feito um Plano Diretor de Turismo, em 1997, pela Tangará Serviços em Meio Ambiente e Turismo, este não foi implementado.

mpe ilha grande grafico fluxo turistas leitos agua lixo Gráfico da evolução do crescimento da oferta de leitos, produção de lixo e consumo de água, em comparação ao crescimento dos fluxos do turismo nacional e internacional. O ano de 1988 é a base 100. (Embratur, 2001; inventário MPE, 2002; estimativas de lixo e água baseadas na FNS)


Mas uma nova oportunidade pode ser vislumbrada: em janeiro de 2002 o ministro do Meio Ambiente visitou a Ilha com o intuito de apresentar à comunidade um Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta Ambiental (TAC), documento que foi assinado por todos os órgãos competentes do Poder Público, determinando prazos para cumprimento dos compromissos e prevendo multas. Dentre as tarefas dos diferentes órgãos destaca-se o desenvolvimento de um Plano de Gestão Ambiental, projetos e execução para melhoria da infraestrutura básica e a determinação da Capacidade de Carga da Ilha Grande.

Fato importante ocorreu em 2002. Segundo deliberação da CECA (Comissão Estadual de Controle Ambiental) do dia 19 de julho, foi formado um Grupo de Trabalho para estudar e propor a limitação da área do Parque Estadual da Ilha Grande. O grupo, formado por membros de entidades governamentais e não-governamentais envolvidas com a região, vem se reunindo frequentemente e tem como prazo o dia 19 de setembro para apresentar uma proposta. Estas ações visam a implantação de idéias para o desenvolvimento de Turismo Sustentável.

Os atrativos da Ilha Grande demonstram o potencial do turismo ecológico que pode ser explorado. Mas o modo como que é utilizado este potencial hoje não é condizente com uma política conservacionista.

Porém sabemos das dificuldades políticas, financeiras e sociais de ocorrer uma mudança drástica. Levando em conta estas dificuldades, nossas propostas sempre serão baseadas em custos mínimos, quando houver a possibilidade, e de implantação fácil e abrangente. Com pequenas mudanças já é possível melhorar um pouco a situação Um exemplo é o início das obras do cais de turismo que foram iniciadas em meados de agosto neste ano, e que melhorará, e muito, o embarque e desembarque dos turistas, sem custo algum para a PMAR.

Neste escopo podemos perceber que a necessidade de controle de visitação já está sendo pauta de discussões em vários lugares do mundo. Destinos europeus com os mais diferentes atrativos turísticos, ecológicos ou não, já estão sofrendo as mazelas do excesso de turistas.

Este Plano de Trabalho é referente aos três primeiros meses, até dia 10 setembro de 2002 e teve como fim:

  • subsidiar atualização do Plano Diretor de Turismo de 1997
  • subsidiar estudos de Capacidade de Carga.

 

 

Relatório de Análise Turística da Ilha Grande

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mapa Ilha Grande topographic Wiki miniMapa topográfico da Ilha Grande, Angra dos Reis, RJ © Wikipedia 


Polo Ecoturístico da Ilha Grande, Angra dos Reis, RJ

Relatório de Análise Turística (julho 2002)

 

Coordenação Programa MPE Funbio

  • Roberto M.F. Mourão, coordenador Programa MPE
  • Maria Clara Soares, coordenadora Programa MPE pelo FUNBIO


Equipe de Campo do Polo Ecoturístico da Ilha Grande

  • Ariane Janér, coordenadora
  • Frederico Landre, monitor
  • Generson Giordano, monitor
  • Rafael Cuellar, monitor
  • Renato Scala, monitor

 

HistóricMelhores Práticas para o Ecoturismo (Programa MPE)

Essa análise turística foi elaborada por equipe de monitores do Programa MPE Funbio-EcoBrasil, coordenada pela consultora Anriane Janér (Bromélia Planejamento).

mpe logo FUNBIOO Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), dentro dos marcos de sua missão institucional de conservar e dar uso sustentável à biodiversidade, visando ações futuras, contratou em 1999, estudo com o objetivo de analisar e obter subsídios sobre ecoturismo e turismo sustentável à luz do vigente cenário das políticas nacionais, agentes financeiros, recursos disponíveis e perspectivas do setor; buscando saber quais ações e áreas prioritárias necessitavam de complementação e, especificamente, qual seria seu papel no cenário de um turismo responsável no Brasil. Nos últimos anos, o ecoturismo tem sido visto como uma alternativa econômica e uma importante ferramenta para a conservação.

Apesar de todo fluxo turístico ter um “custo” que pode vir a causar impactos negativos ambientais e/ou culturais, o ecoturismo, quando operado adequadamente, pode ter esses impactos controlados, especialmente se comparados a outros setores produtivos tais como agricultura, pecuária, garimpo ou extração de madeira.

mpe logo MPEO Programa MPE tem como objetivo capacitar e treinar recursos humanos para o setor de Ecoturismo e definir um conjunto de boas e melhores práticas sustentáveis que sirvam de referência para projetos de ecoturismo localizados em áreas remotas do país. “Melhores práticas" são formas ótimas para executar um processo ou operação. São os meios pelos quais empresas e organizações líderes alcançam alto desempenho e também servem como metas para outras que almejam atingir níveis de excelência.

As boas práticas, são aquelas que estabelecem os requisitos mínimos para a sustentabilidade ambiental, sociocultural e operacional do turismo responsável. Fornecedores e operadores turísticos precisam estar familiarizados com algumas exigências, tais como operações ambiental e culturalmente sustentáveis, atendimento de qualidade e voltado ao cliente, promoção, diversidade de atividades e produtos, informação de qualidade, distribuição equitativa de resultados, programação adequada e administração eficaz.

O objetivo de um programa de "boas práticas" é compartilhar práticas com chances de sucesso entre os atores da indústria turística, como por exemplo prestadores de serviços e comunidades locais. Esse “modo de fazer” pode atuar como catalisador de mudanças. Examinando as operações específicas à luz do sucesso de outras operações bem-sucedidas, podem-se revelar fraquezas e criar forças para as mudanças.

O Programa foi promovido pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade, cujos desenvolvimento e implementação custaram cerca de R$ 2 milhõe, em parceria com:

Desenvolvido e implementado o programa-piloto em 2001 e 2002, a partir de 2003, foi transferida ao Instituto EcoBrasil a incumbência de dar continuidade ao programa.
 

A Ilha Grande

A Ilha Grande encontra-se no litoral sul fluminense, sendo parte do município de Angra dos Reis. É um dos maiores remanescentes de Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro, apresentando uma diversidade considerável de fauna e flora, apesar de uma parte significativa da vegetação ser mata secundária. Possui mais de 100 praias, sendo algumas inabitadas, cachoeiras, mirantes e picos com até 1.000 m de altitude.

A biodiversidade da Ilha Grande é protegida por algumas Unidades de Conservação:

  • Área de Proteção Ambiental de Tamoios (1993)
  • Parque Estadual da Ilha Grande (PEIG, 1971)
  • Parque Estadual Marinho do Aventureiro (PEMA, 1990)
  • Reserva Biológica da Praia de Sul (RBPS, 1981)

Os órgãos responsáveis pela gestão dessas unidades são

  • FEEMA Fundação Estadual de Engenharia e Meio Ambiente (APA Tamoios, RBPS e PEMA)
  • IEF Instituto Estadual de Florestas (PEIG).
    Nota: atualmente FEEMA e IEF fazem parte do INEA Instituto Estadual de Ambiente 

piratas black flagA Ilha vem passando por variados cenários histórico-econômicos. Desde a chegada dos europeus, contrastando com a presença dos índios tupinambá, a ilha é palco de conflitos. A pirataria, o tráfico de escravos e a agropecuária na Ilha Grande são atividades que marcaram a história do país.

No último século, a existência de colônias penais e penitenciárias teve grande relevância na formação das relações sociais. A marginalidade passou da pirataria e contrabando aos presos políticos das primeiras décadas do século XX e, mais tarde, aos presos comuns (assassinos, ladrões, etc) frequentemente lembrados, até hoje, como “os vagabundos”. E mais uma vez a história da ilha se confunde com a história do país: os presos políticos se uniram aos presos comuns e surgiu o crime organizado.

Com 193 km2, é a segunda maior ilha oceânica brasileira, com 346 km2, a Ilha Grande ainda se encontra num estágio inicial de desenvolvimento, por causa de fatores como:

  • sua maior distância da costa
  • sua maior distância de São Paulo
  • a existência de um presídio de segurança máxima até abril de 1994
  • o transporte na Ilha ser somente a pé, bicicleta ou de barco, havendo apenas carros oficiais.

 

Relatório de Análise Turística da Ilha Grande

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