Organização: Roberto M.F. Mourão (roberto@albatroz.eco.br)
Albatroz Planejamento
Torres e Passarelas de Copada
Canopy Towers & Walkways
Torres e Passarelas de Copada / Canopy Towers & Walkways
Trilhas Aéreas Artificiais para Educação, Estudo e Pesquisa.
As Torres e Passarelas de Copada (Canopy Towers & Walkways), podem consideradas trilhas suspensas, podendo ter usos diferenciados:
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Entretenimento e Lazer
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Educação Ambiental
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Estudos e Pesquisas
Associadas ou não, são estruturas desenvolvidas para possibilitar e facilitar o acesso, a um custo moderado, para observação amadora contemplativa, como a feita por ecoturistas, estudo e educação ambientais, e pesquisa de florestas ou segmentos florestais.
Passarelas de Copada podem ser consideradas como "trilhas" artificiais, que se prestam à observação contemplativa ou interpretada. Elas permitem tanto a simples observação de flora e fauna, como também que pesquisadores realizem observação de longa duração e coleta de dados numa área definida e fixa.
Na foto acima, passarela de copada no Kakum National Park, Ghana, África, localizado a 20 km ao norte de Cape Coast, com área de 35 mil hectares de floresta tropical úmida.
Vida na Copa das Árvores
Estima-se que 50 a 90 % da vida na floresta tropical ocorre nas copas das árvores.
A floresta tropical primária é dividida verticalmente em pelo menos 5 camadas:
- emergentes,
- dossel,
- sub-bosque e
- camada arbustiva ou estrato herbáceo,
- além do chão da floresta.
As emergentes refere-se às coroas de árvores emergentes que se elevam 6 a 30 metros acima do dossel. O dossel é o teto denso de árvores bem espaçadas e seus ramos, enquanto o sub-bosque é o termo para espécies de árvores menores e mais jovens, que formam uma camada quebrada abaixo do dossel.
A camada de arbustos ou estrato herbáceo é caracterizada por espécies arbóreas e árvores juvenis que crescem apenas a 1,5 a 6 metros do chão da floresta.
O chão da floresta é a camada do solo da floresta composta de troncos de árvores, fungos e vegetação de baixo crescimento. Essas camadas nem sempre são distintas e podem variar de floresta para floresta, mas servem como um bom modelo das estruturas vegetativas e mecânicas da floresta.
Cada camada tem suas próprias espécies únicas de plantas e animais que interagem com o ecossistema ao seu redor.
A incrível diversidade de fontes de alimentos e nichos únicos das árvores do dossel sustentam uma grande variedade de espécies animais. Os animais geralmente se reúnem em torno de uma árvore florida, o que faz das árvores neste estágio alguns dos melhores sites para ver a vida selvagem.
Em lugares como esses, onde a comida é abundante, os animais configuram territórios, mas, como a cobertura das folhas do dossel afeta as exibições territoriais visuais, a maioria dos animais depende de sinais sonoros. Assim, alguns dos animais são os moradores do dossel.
Muitos primatas emitem uivos e gritos, enquanto as aves usam trinados e canções para que outros animais saibam que estão entrando no espaço deles.
Caminhos comuns, muitas vezes levando a árvores frutíferas, onde muitos animais podem passar no decorrer do dia são bem usados e muitas vezes livres de epífitas. Estes formam trilhas nas árvores.
Da mesma forma, as áreas no dossel sem vegetação formam corredores de vôo usados por numerosas espécies, especialmente as aves de rapina que muitas vezes atacam suas presas de baixo. Essas trilhas de vôo estão incorporados na memória de morcegos e aves.
No solo, sobretudo nas florestas tropicais e equatoriais, como a Floresta Amazônica, a camada que reveste o solo chamada serrapilheira, "manta morta" ou "liteira" é a camada formada pela deposição e acúmulo de matéria orgânica morta em diferentes estágios de decomposição que reveste superficialmente o solo ou o sedimento aquático.
É a principal via de retorno de nutrientes ao solo ou sedimento. Na foto ao lado (© Roberto M.F. Mourão), pode-se observar a diversidade e a umidade que produzirá o humus necessário para a fertilização.
Histórico de Pesquisa em Copadas
A pesquisa de copadas sempre esteve limitada pelas dificuldades de acesso. Durante a década de 80, foram desenvolvidas várias técnicas de baixo custo, tais como escalada em corda ou rapel, escadas e torres.
Também foram desenvolvidos dispositivos que facilitam a pesquisa simultânea por um grupo de pesquisadores, mas muito mais caros, como por exemplo, o dirigível de Hallé e Blanc ou gruas.
Ao se planejar torres ou passarelas, deve-se ter em mente a correlação entre custo do método de acesso e o número de pesquisadores ou visitantes que poderão utilizar o dispositivo com segurança.
Escalada em Corda ou Rapel
Provavelmente é o método de acesso mais antigo e usado para se atingir estratos superiores de florestas para investigação. Esse método oferece a flexibilidade e facilidade de acesso, mas tem suas limitações:
- é inseguro à noite ou com tempo rigoroso
- trabalho conjunto é praticamente impossível
- observações de longa duração são em geral desconfortáveis
- acesso no sentido horizontal é limitado
- medidas de precisão são dificultadas pelo movimento pendular da corda.
Plataformas / Passarelas / Pontes Pênseis
Canopy walkway, Danum Valley Park, Danum Valley Conservation Area, Ulu Segama Forest Reserve, Malasia.
Plataformas
Plataformas são estruturas intermediárias e de apoio, em geral fixadas em árvores-tema, que servem para conectar passarelas, permitindo inclusive interpretação e/ou acesso a plataformas ou passarelas em outros níveis (inferior ou superior), dando continuidade ao circuito.
Podem dar acesso ao solo ou a mirantes panorâmicos acima da copada da mata circundante. Alguns conjuntos aproveitam desníveis de solo para acesso, evitando o uso de escadas, possibilitando seu uso por deficientes físicos ou pessoas idosas ou com dificuldade de locomoção.
Passarelas (ou Pontes-Pênseis)
Passarelas são alternativas de observar e/ou estudar copadas e extratos superiores da floresta tropical, de forma confortável, permanente e facilitam estudos a curto, médio e longo prazos. Esse sistema modular, que consiste em pontes interconectadas e plataformas, de custo moderado, permite acesso fácil para usuários, além de ser de fácil manutenção e de grande durabilidade.
Pontes Pênseis
Ponte Pênsil ou Ponte Suspensa é um tipo de ponte sustentada por cabos ou tirantes de suspensão. As primeiras pontes suspensas modernas, com plataformas niveladas, são datadas dos século XIX, porém existem relatos desse modelo de ponte desde o século III. Passarela suspensa é um modelo de ponte pênsil utilizado em áreas rurais geralmente para vãos superiores a 20 metros, onde são realizadas travessias de pedestre, bicicletas e motocicletas.
As pontes de suspensão simples, que são utilizadas por pedestres ou por rebanhos animais, são construídas de acordo com as antigas pontes de corda Incas. No caso das passarelas de copada, elas são os elementos que unem as plataformas fixadas nas árvores.
Provavelmente o primeiro conjunto torre-ponte pênsil construida no Brasil especificamente para educação e sensibilização ambientais, foi implantada na Reserva Particular do Patrimônio Natural Veracruz-Veracel, em Porto Seguro, Bahia, em 1996.
Torres
Torres são as estruturas, ou partes de um conjunto, que permitem o acesso e a interpretação vertical de uma árvore ou de um conjunto de árvores, podendo ser construídas paralelamente ou contornando o fuste, de forma a aproveitar ao máximo a arquitetura da ramada.
Em sua construção deve-se pensar em estágios ou plataformas em níveis de observação progressiva, a partir do solo, passando pelo sub-bosque, copada e, finalmente, atingindo a parte superior à copada, para visão panorâmica de 360º.
Atenção especial deve ser dada aos aspectos segurança e conforto de ascensão, levando-se em conta que torres devem ter seu uso adequado a vários públicos: crianças, adolescentes, adultos e idosos em boas condições físicas.
Facilidade para a Observação da Fauna e Flora
Muitos ecoturistas "de primeira viagem" se desapontam pela dificuldade de observar a fauna em florestas tropicais. Uma das razões é que a maioria das espécies vivem entre 18 e 45 metros, nas copas das árvores, camuflados e ocultos na densa vegetação. Torres, plataformas e passarelas são estruturas que permitem a observação da flora e da fauna de um ponto de vista pouco usual do homem, ou seja, que geralmente é limitado `a observação horizontal ou do chão para o alto.
Desvantagens Potenciais para Pesquisa
Comparadas com outros métodos de acesso, há 2 desvantagens potenciais ao uso de torres e plataformas e passarelas para pesquisa:
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As estruturas são fixas e não é possível remanejá-las com propósitos de pesquisar e comparar locais diferentes;
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Há uma possibilidade de que organismos (flora e fauna) das copas das árvores utilizarem as passarelas e suas partes construtivas como pontes e ou suporte, tendo sua mobilidade natural alterada.
Torres e Passarelas: Indutores de Fluxo de Visitantes
Por ser uma forma de acesso privilegiada para observação da fauna e flora, passarelas aumentam muito o fluxo de visitas. A foto de uma passarela, acima mostra um passarela de copada do Kakum National Park, Ghana, África.
Projetada para uma capacidade máxima de 60 a 70 mil visitantes anuais, sem comprometer a qualidade da experiência, o fluxo de visitas no parque cresceu de menos que 2 mil pessoas em 1992, antes de sua construção, para mais de 20 mil visitantes em 1995. Este aumento considerável de visitantes, possibilitou não só um aumento nos postos de trabalho para comunidades locais, como também recursos para ajudar proteger e manter o parque.
Torres e Passarelas de Copada / Canopy Towers & Walkways
- Torres e Passarelas de Copada / Canopy Towers & Walkways
- Torres e Passarelas: Construção
- Torres e Passarelas: Reserva Particular do Patrimônio Natural Estação Veracel-Veracruz
- Torres e Passarelas: Kakum National Park, Ghana, África
Para Saber Mais sobre Trilhas
Roberto M.F. Mourão / ALBATROZ Planejamento
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