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National Geographic Traveler

Avaliação de Ilhas e Arquipélagos

Nota
Ariane Janér
Roberto M.F. Mourão, consultores do Corpo Técnico do Instituto EcoBrasil, fazem parte do painel de especialistas da National Geographic Traveler, tendo participado desta e outras avaliações.

 

cruzeiros ilha grande nat geo traveler 94places ratedIlhas são símbolos de férias. Fuga do cotidiano.

Seu isolamento as faz mais atrativas do que áreas continentais. São locais especiais com paisagens, ecossistemas, cultura e tradições peculiares. Por isso são atrativas. Entretanto, são mais vulneráveis à pressão populacional, mudanças climáticas, espécies invasoras, e, cada vez mais, ao turismo.

Para avaliar a integridade das ilhas, a revista National Geographic Traveler e o National Geographic Center for Sustainable Destinations, com apoio da George Washington University, elaboraram uma pesquisa publicada na edição de novembro de 2007.

Um painel de 522 especialistas em turismo sustentável e classificação de destinos turísticos, gratuitamente, analisaram as condições em 111 ilhas e arquipélagos em todo o mundo

A classificação resultante reflete a opinião destes especialistas, assim como, os testemunhos publicados sobre os destinos analisados. Os especialistas são pessoas ‘viajadas’, com ampla diversidade de conhecimento: ecologia, sustentabilidade, cultura tradicional, geografia, fotografia, arqueologia, entre outras.

A pesquisa avalia as qualidades que tornam um destino singular - avalia a ‘integridade do lugar’. Não se avalia a qualidade dos serviços, de forma que uma ilha inexplorada pode pontuar mais do que uma ilha com resorts exclusivos e sofisticados.

Aos especialistas foi pedido para avaliar locais que haviam visitado, utilizando 6 critérios, ponderados conforme sua importância:

  1. Qualidade ambiental e ecológica
  2. Integridade sociocultural
  3. Estado de conservação de construções históricas e sítios arqueológicos
  4. Apelo estético
  5. Qualidade da gestão turística
  6. Perspectivas futuras

Os resultados mostram que em muitas ilhas onde se desenvolveu turismo de sol-e-praia, sem o devido planejamento, rapidamente saíram fora de controle, apesar de haver exceções. Também o excesso de navios de cruzeiros transformam ilhas, pelo sobre-uso.


Sistema de Pontuação

Ilha Grande totalizou 71 pontos, ou seja, apresenta pequenas dificuldades ou problemas, segundo a avaliação dos especialistas.

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A Opinião de Especialistas

Declarações dos especialistas sobre a Ilha Grande:

Surpreendentemente limpa. Peixes são abundantes nos bancos de corais que circundam a ilha.”

Integração com a natureza e construções são as características da ilha. O controle do uso do solo previne contra desenvolvimento desordenado.”

Grande qualidade ambiental e apelo turístico, sobretudo por ser turismo de base comunitária. Não possui grandes hotéis ou infraestrutura de destino internacional.”

Desenvolvimento urbano é uma ameaça à biodiversidade. Permanece como um local imaculado com abundância de vida silvestre e fauna marinha.”

Destino espetacular que continua com rica cobertura florestal, com praias maravilhosas e charmosas pequenas comunidades. Sua proximidade com o Rio de Janeiro facilita o acesso. Cuidados tem de ser tomados para que não ser arruinada.” 

 

Análise de Impactos de Cruzeiros Marítimos


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Baía da Ilha Grande, Angra dos Reis e Paraty, RJ © Google Maps
 


Baía da Ilha Grande

A Baía da Ilha Grande está localizada ao sul do Estado do Rio de Janeiro. com 1.125 km², onde estão localizadas as cidades de Paraty (ao sul) e Angra dos Reis (ao norte).

Na baía situa-se a Ilha Grande, um dos maiores remanescentes de Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro, apresentando grande diversidade de fauna e flora, apesar que parte significativa da vegetação ser mata secundária.

Contexto Turístico Regional

A dinâmica econômica e as formas de uso do solo do litoral sul fluminense e norte paulista sofreram alterações significativas a partir do final da década de 1970, com a construção da rodovia Rio-Santos, para servir como alternativa à Presidente Dutra e com o propósito, secundário, de estimular o turismo nessas regiões.

A abertura dos acessos a essa parte do litoral brasileiro ocasionou transformações em ritmo acelerado, sem planejamento adequado, caracterizadas pela urbanização da paisagem e a implantação de atividades turísticas, a especulação imobiliária e o deslocamento de populações.

 

Angra dos Reis / Turismo

cruzeiros ilha grande ilha vista aerea350pAngra dos Reis é formada por mais de cem ilhas e quase duas mil praias repletas de belezas naturais e lendas, sendo referência para o turismo brasileiro. O turismo ocorre polarizado entre atividades de turismo de massa e natureza e o elitismo do veraneio das casas e ilhas particulares.

Para acessar as praias e as ilhas deste ‘arquipélago’ na Costa Verde fluminense, só é possível por meio de barcos próprios ou alugados. As atividades econômicas giram em torno da pesca e atividades portuárias, da indústria, do comércio e serviços, da indústria naval e turismo.

 

Ilha Grande / Turismo

A Ilha Grande encontra-se no litoral sul fluminense, sendo parte do município de Angra dos Reis. É um dos maiores remanescentes de Mata Atlântica do Estado, apresentando considerável diversidade de fauna e flora, apesar de uma parte significativa ser mata secundária.

Fica a cerca de 1:30h, de barca, do continente, a partir do Cais de Santa Luzia, e é a maior das ilhas da Baía da Ilha Grande, Angra dos Reis. Possui paisagens fascinantes, mais de oitenta praias, enseadas, rios, lagoas, cachoeiras, planícies, montanhas e picos espalhados numa área de cerca de 193 km².

cruzeiros ilha grande praia vista aerea350pA proximidade entre a Mata Atlântica e o mar é grande e os recantos paradisíacos são abundantes, com praias acessíveis somente por trilhas ou barco. A Ilha Grande é um local para a prática de caminhadas, com opções entre morros, montanhas, riachos, rochas, encostas e praias, a maioria delas por dentro da Mata Atlântica.

A ilha tem alguns núcleos urbanos, como a Vila do Abraão, onde podem ser encontrados restaurantes, pousadas e comércio. A população da Ilha tem como característica social marcante a extrema segmentação das comunidades.

No último século, a existência de colônias penais e penitenciárias teve grande relevância na formação das relações sociais.

cruzeiros ilha grande presidio 2 riosA marginalidade passou da pirataria e contrabando aos presos políticos das primeiras décadas do século 20 e, mais tarde, aos presos comuns lembrados até hoje como “os vagabundos”.

Nos últimos anos o crescimento do turismo e a urbanização da Ilha têm se intensificado e a conseqüente ocupação desordenada tem gerado discussões acerca do desenvolvimento sustentável da Ilha Grande, sobretudo em face da dificuldade de implementação de planos de desenvolvimento.

Estudo do Programa MPE Funbio-EcoBrasil, de 2002, estimou a visitação anual da Ilha em 115 mil turistas com pernoite e 250 mil excursionistas.

 

 

 

 

Análise de Impactos de Cruzeiros Marítimos


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Análise de Impactos de Cruzeiros Marítimos na Ilha Grande
Temporada 2009-2010 

Realizada por Roberto M.F. Mourão

 cruzeiros ilha grande mapa turistico wikiMapa turístico da Ilha Grande, Angra dos Reis, RJ © Wikipedia

 

  Dimensões  
  Área 193 Km²
  Perímetro ~ 130 Km
  Comprimento ~ 29 Km
  Largura ~ 14 Km

 

cruzeiros ilha grande panoramica 2008


Ilha Grande

A Ilha Grande está localizada no município de Angra dos Reis, RJ, entre as coordenadas Latitude 23º5’ e 23º14’ Sul e Longitude 44º5’ e 44º23’ de Oeste, na região turística denominada Costa Verde, litoral sul fluminense. A Ilha Grande pertence ao município de Angra dos Reis e está subdividida em dois distritos: Abraão (parte leste) e Araçatiba (parte oeste da Ilha).

Com 193 km², é a maior das ilhas da Baía da Ilha Grande. Seu contorno, com cerca de 130 km, é recortado por inúmeras penínsulas, 7 enseadas (sacos) e 106 praias. A vegetação é exuberante, formada por mata atlântica, mangue e restinga.

Apresenta relevo acidentado e montanhoso, cujas maiores elevações são o Pico da Pedra D'Água (1.031m) e o Pico do Papagaio (982m), este último famoso pela sua forma pitoresca.

Também apresenta planícies, terraços fluviais, e fluviomarinhos. As costas da ilha são recortadas por inúmeras penínsulas e enseadas (sacos), formando várias praias. A vegetação é exuberante, formada por mata atlântica, mangue e restinga.

As atividades econômicas giram em torno da pesca e, principalmente, do turismo. A ilha oferece, atualmente, muitas alternativas turísticas: passeios de barco, praias com águas calmas para mergulho em família, praias destinadas à prática de esportes como o surfe e o mountain-bike, trilhas ecológicas por dentro da mata ao centro da ilha, além de algumas atrações históricas.

cruzeiros ilha grande abraao 

Vila do Abraão

A principal localidade da ilha é a Vila do Abraão, com, aproximadamente, 3.000 habitantes e que concentra a maior parte da infraestrutura da ilha, como posto de saúde, escola primária, posto dos correios e destacamentos do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar.

Um serviço de barcas liga diariamente a Vila do Abraão com Angra dos Reis e Mangaratiba, no continente. A vila conta, também, com ampla oferta de hospedagem com pousadas, campings, bares, restaurantes e comércio para turistas. Além desta, existem algumas outras pequenas comunidades espalhadas pela ilha também dotadas de infraestrutura turística, como Praia Grande, Enseada do Bananal e Praia do Japariz.

Há na Ilha 4 unidades de conservação:

  

cruzeiros ilha grande carta nautica Mapa topográfico da Ilha Grande, Angra dos Reis, RJ

 

 

Análise de Impactos de Cruzeiros Marítimos


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Flona IPANEMA ruinasRuínas da antiga Fábrica de Ferro Ipanema, a primeira siderúrgica brasileira, que se manteve ativa até 1895.

 

Análise de Viabilidade Ecoturística da Flona de Ipanema


Apresentação

A presente análise técnica foi elaborada pelo consultor Roberto M.F. Mourão, por demanda do Sr. Eduardo Martins, presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), em fevereiro de 1997, com a finalidade de analisar preliminarmente a viabilidade do uso ecoturístico das floresta nacionais, iniciando a análise pela Flona de Ipanema.

No ambito governamental, a primeira iniciativa brasileira para o ordenamento da atividade do então denominado “turismo ecológico”, ocorreu em 1987 com a criação de uma Comissão Técnica Nacional, constituida por técnicos da Embratur e do Ibama, em resposta às práticas existentes na época, não organizadas e pouco sustentáveis.

Posteriormente, com as articulações inter-institucionais entre o Ministério do Meio Ambiente MMA / IBAMA e o Ministério da Indústria, Comércio e Turismo - MICT / EMBRATUR, em 1994, ficam estabelecidas as “Diretrizes para a Política Nacional de Ecoturismo”, documento que prevê o desenvolvimento de tecnologias e a implantação de infraestrutura nos destinos ecoturísticos prioritários, tais como unidades de conservação.

Este projeto vem propor o desenvolvimento do ecoturismo nas Florestas Nacionais, de acordo com as linhas de ações definidas nas “Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo”.

As Florestas Nacionais - Flonas - são unidades de conservação de uso sustentável, de domínio público, providas de cobertura vegetal nativa ou plantada, que se destinam ao cumprimento de objetivos economicos por meio do manejo dos recursos naturais, com ênfase na produção de madeira e outros produtos vegetais; bem como na proteção dos recursos hídricos, belezas cênicas e dos sítios históricos e arqueológicos, além de fomentar o desenvolvimento da pesquisa científica aplicada, da educação ambiental e das atividades de recreação, lazer e turismo.

Atualmente existem 39 Flonas (dados de 1997), abrangendo a área de aproximadamente 12,6 milhões de hectares, que correspondem a 1,48% do território brasileiro, distribuidas em 24 unidades na Região Norte, 1 na Região Nordeste, 5 na Região Sudeste e 9 na Região Sul.


Objetivo

O projeto, caso seja aceita a proposta de implementação do ecoturismo em unidades de conservação, visará a implantação de empreendimentos ecoturisticos em 8 Flonas para que caracterizem-se como destinos de alta qualidade e, possam servir como parametro para as demais florestas nacionais, assim como, eventualmente outras categorias de unidades de conservação.

Tendo em vista o caráter piloto do projeto, foram selecionadas flonas a partir dos seguintes critérios: 

  • localização geográfica
  • facilidade de acesso
  • representatividade regional
  • atrativos naturais, cênicos e históricos-culturais
  • infraestrutura existente na unidade
  • infraestrutura de entorno à unidade
  • demanda potencial de visitação
  • vocação para o ecoturismo 

As Flonas inicialmente selecionadas são:

  • Flona de Araripe (CE)
  • Flona de Canela (RS)
  • Flona de Ipanema (SP)
  • Flona de Irati (PR)
  • Flona de Passa Quatro (MG)
  • Flona de São Francisco de Paula (RS)
  • Flona de Tapajós (PA)
  • Flona de Três Barras (SC)

 

História

Histórico da Exploração e Uso Industrial

flona ipanema historica metalurgia

 

Visitação Pública

Segundo a Administração da unidade, é crescente o interesse e o número de visitantes à Flona.

O controle de visitação, iniciado em 1995, contabilizou cerca de 40 visitantes em 1995, ~ 500 em 96 e a expectativa que este número chegue a 5.000 em 1997, conforme mostram as visitas ocorridas até o presente e as reservas para o ano.


Características

A Floresta Nacional adotou o nome da propriedade original da Fazenda Ipanema, em sua origem Real Fábrica de Ferro de São João de Ipanema, às margens do Rio Ipanema, criada em 1810.

Com uma área de 5.069,73 ha, abrange parte dos municípios paulistas de Iperó, Araçoiaba da Serra e Capela do Alto, possuindo imóveis tombados como sítio histórico pelo IPHAN. Bioma: Mata Atlântica, Floresta Estacional Semidecidual, Cerrado.

Criação: 20 de maio de 1992 - Decreto nº 530.
Contato telefone.: (15) 266-9090

A Floresta Nacional de Ipanema é uma unidade de conservação de uso sustentável, subordinada à Diretoria de Florestas do IBAMA.

Estando localizada no município paulista de Iperó, distante aproximadamente 120 km da capital de São Paulo, próximo à cidade de Sorocaba (20 km).

Pode ser acessada pelas rodovias Raposo Tavares (SP 270) e pela Presidente Castello Branco (SP 280).

Relevo

A Flona situa-se entre as altitudes de 600 m, em seus vales e calhas de rios, a quase 900m, na Serra de Araiçoba, cujos espigões situam-se a uma altitude máxima de 875m.

Vegetação / Meio Físico Usos Área (hectares)

Sede administrativa, vilas, residências e sítios históricos 50 ha Floresta Estacional Semidecidual (em regeneração) 2.800 ha Capoeira (grotões) e Cerrado 538 ha Várzea, açudes e represas 250 ha Reflorestamento com espécies de crescimento rápido e nativas 221 ha Assentamentos rurais 1.210 ha Total 5.069 ha

Clima

A Floresta Nacional de Ipanema é atravessada em sua parte sul pelo Trópico de Capricórnio, localizando-se assim em uma zona de transição, de tropical para temperada. Clima subtropical quente, úmido, com inverno menos seco, precipitação oscila entre 30 ~ 60mm, temperaturas máximas superiores a 22°C e mínimas inferiores a 18°C. A precipitação média anual região é de 1.350, com mínimo de 800mm e máximo de 2.200mm. Os meses menos úmidos vão de agosto a novembro e os mais úmidos vão de março a junho.

Hidrografia

Seus cursos d’água integram as bacias dos Rio Tiête e Sorocaba e sub-bacias do Rio Ipanema.

Fauna (estimada, parcial a ser confirmada)

flona ipanema especies ocorrencia

Flora

A vegetação da Floresta Nacional de Ipanema é de “Floresta Estacional Semidecidual” (maior parcela), com áreas de Floresta Ombrófila Densa e áreas de Cerrado (em recuperação). Deve-se destacar que a Flona possui cerca de 200 hectares reflorestados de eucalipto. Também ocorre uma pequena parcela de reflorestamento de espécies nativas, em especial o Ipê amarelo (Tabebuia chrysotricha) e o Pau-brasil (Caesalpinia echinata).

Patrimônio Histórico-cultural

A Unidade conta com imóveis (alguns necessitando manutenção para seu uso turístico), máquinário e equipamentos, além dos sítios arqueológicos e patrimônio histórico cultural tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Estes constituem importante conjunto de atrativos históricos-culturais com potencial para o desenvolvimento de produtos turísticos.

Comunidades Locais / Regionais

  • Vila: cerca de 50 moradias com aproximadamente 200 habitantes (adultos e crianças)
  • Assentamento: cerca de 150 lotes, com aproximadamente 250 famílias / 750 assentados.

 

Atenção a potenciais Impactos Negativos

Especial atenção deverá ser dada aos impactos e/ou falta da adequada manutenção a processos erosivos em trilhas e à vegetação ciliar em alguns trechos dos corpos d’água da Flona, que necessitam de recomposição. A manutenção e recuperação destes poderá ser tema de educação ambiental para funcionários e comunidades locais regionais (vila e assentamento).

 

Potencial Ecoturístico

A Flona e seu entorno imediato, visando prioritariamente as populações locais e regionais, tem importante alto potencial para o ecoturismo e educação ambiental. Mas em virtude da proximidade de outras cidades de médio e grande porte, inclusive a capital do Estado, São Paulo, o uso da Flona poderá ser ampliado caso sejam devidamente utilizado seus recursos naturais e histório-culturais para o desenvolvimento de produtos ecoturísticos.

Temos a destacar que as instalações da sede administrativa (~ 6.500m?), com auditório (150 pessoas), anfiteatros (5), além dos espaços para exposições e demais serviços, permite o atendimento de grupos e realizar eventos com segurança e conforto. Inclusive, com possibilidade de utilização dos alojamentos para pernoite para mais de 100 pessoas.

Esta infraestrutura associada às áreas de lazer externas com açudes, constituem agradáveis espaços complementares. Especial atenção deverá ser dada à manutenção, recuperação, interpretação do sistema de trilhas, fundamental para os visitantes e para educação ambiental.

Destacamos as trilhas:

  • Trilha da Capivara
  • Trilha da Pedra Santa
  • Trilha de Afonso Sardinha (bandeirante)
  • Trilha do Cobra
  • Trilha Fornos de Cal
  • Trilha Foz do Rio Verde

O viveiro de mudas nativas da unidade deve ser considerada uma excelente ferramenta de informação e sensibilização ambiental. Merece especial tratamento para a educação formal (na grade curricular convencional) e educação não-formal do uso sustentável da biodiversidade para comunidades em geral.

Outros atrativos históricos-culturais a serem considerados (adequados e interpretados), a destacar:

  • Casa da Guarda
  • Casa das Armas Brancas
  • Cemitério Protestante (primeiro do Brasil)
  • Cruz de Ferro
  • Estação Ferroviária Varnhagen
  • Forno de Mursa / Fornos Geminados
  • Fornos de Carvão
  • Fornos de Ustulação
  • Gruta do Monge
  • Mirante da Chilena (natural)
  • Serra Araçoiaba
  • Monumento ao Visconde de Porto Seguro
  • Monumento e Cruzeiro da Pedra Santa
  • Real Fábrica de Ferro
  • Relógio de Sol
  • Represa Hedberg
  • Ruína da Fábrica de Hedberg
  • Serraria


Plano de Manejo / Uso Publico

Tendo em vista a elaboração futura de Plano de Manejo da Unidade, conforme informação da presidência do IBAMA, temos a informar e comentar que:

  • no contexto do manejo da presente unidade, o Programa de Uso Público tem por objetivos proporcionar a iteração direta do público com os recursos naturais da Floresta Nacional de Ipanema, demonstrando sua relevância quanto a aspectos ambientais, sociais, e históricos-culturais
  • os estudos e pesquisas compreendidos na elaboração do Plano de Manejo sejam utilizados futuramente e de forma adequada nas atividades lúdicas e educacionais;
  • o estabelecimento de uso público no manejo poderá estumular comunidades de entorno a posturas tais como “adotar”, respeitar e proteger a UC, oferecendo oportunidade para informação e sensibilização ambiental relacionadas à recreação / visitação;
  • é de suma importância a implementação de Centro de Visitantes associado aos sistema de trilhas e aos demais atrativos históricos
  • de forma a apoiar os programas recreativos e de educação;
  • deverá ser considerado um programa de comunicação interna (funcionários) e externa (comunidades, escolas) para divulgação dos trabalhos e oportunidades de visitação.

 

Consideração Finais 

Não temos duvidas de que os atrativos naturais e históricos-culturais da Floresta Nacional de Ipanema são um excepcional patrimônio com elevado potencial para a educação ambiental e indução de fluxos de visitantes, em especial para habitantes locais e regionais.

Deve-se ter em mente que o planejamento da unidade para uso ecoturístico deve também considerar a unidade e seu entorno como uma “unidade de negócios” do ponto de vista financeiros, possibilitando gerar recursos, preliminarmente, para sua manutenção e para a comunidade de entorno com a criação de oportunidades de emprego e geração de pequenos negócios (artesanato, transporte, condução de visitantes, etc.)

Esta análise não encerra a discussão sobre o desenvolvimento ecoturístico da Flona de Ipanema, mas serve para subsidiar este e outros estudos em florestas nacionais. Para finalizar, temos de ter em mente que todas as propostas de implementação do turismo sejam responsáveis e considerar mínimos impactos culturais e ambientais, assim como devem fazer parte do Plano de Manejo da unidade de conservação.

 

Notas:

  • Ipanema, em Tupi-Guarani significa: rio sem peixes, água ruim.
  • Unidades de Conservação de Usos Sustentável permitem o aproveitamento economico direto de forma planejada e regulamentada. São identificadas como Unidades de Conservação de Uso Direto. Estão inclusas nesta categoria as Áreas de Proteção Ambiental, Áreas de Relevante interesse Ecológico, Florestas Nacionais, Reservas Extrativistas, Reservas de Fauna, Reservas de Desenvlvimento Sutentável e Reservas Particulares do Patrimonio Natural.
  • Importante considerar o envolvimento desta população local no contexto turístico futuro, assim como outras regionais. 

 

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calcoene cachoeira do firmino alan rocha panoramioCachoeira do Firmino, Rio Calçoene, Amapá © Alan Rocha, Panoramio, 2008 

 

Análise da Viabilidade da Pesca Esportiva do Rio Calçoene, Amapá

Estudo realizado em junho de 1999.

Localização e Acesso

mapa rio calcoene amapa

O Rio Calçoene, localiza-se ao norte do Estado do Amapá, nasce na Serra Lombada, no município de Calçoene, percorre totalmente o município, e, seguindo a direção oeste-leste, desagua no Oceano Atlântico.

A cidade de Calçoene localiza-se à margem esquerda do rio, de frente para a Cachoeira do Firmino. Sua população é de mais de 5.600 habitantes, sendo que boa parte desta população vive da pesca profissional oceânica.

O acesso terrestre mais utilizado é a rodovia BR-156, distando o rio 375 Km de Macapá, capital do Estado do Amapá.

O transporte aéreo também pode ser utilizado, por meio do aeroporto de Calçoene, que possui pista asfaltada com aproximadamente 1.200 metros de extensão.

 

Características

O Rio Calçoene é bastante encachoeirado, possuindo de sua nascente à foz várias cachoeiras:

  • do Paredão, a mais alta delas, com mais de 15 metros de altura,
  • da Lamparina,
  • do Jacaré,
  • da Rasa,
  • do Veado,
  • da Prainha,
  • da Garrafa,
  • do Poção,
  • da Asa-Aberta,
  • do Santa Cruz,
  • do Banheiro,
  • do Firmino e
  • Sidomena.

Estima-se que o Rio Calçoene apresente um desnível de aproximadamente 65 metros, de sua nascente até a última de suas 13 cachoeiras. Cálculos efetuados à jusante das cachoeiras revelaram desníveis que variam de 1 a 15 metros.

São tributários do Rio Calçoene os igarapés:

  • Lamparinas,
  • Catarino,
  • Torrão,
  • do 34,
  • da Rasa,
  • Veado,
  • Itaubal,
  • Poção,
  • Asa Aberta,
  • Trapiche,
  • Cortical e
  • Cortágua. 

À jusante da cachoeira da Lamparina, a largura do rio varia de 20 a 80 metros; da Cachoeira do Banheiro à sua foz no Oceano Atlântico, a largura do rio varia de 80 a 120 metros.

Suas águas são límpidas em dois terços de sua extensão, mas em sua parte baixa, após a Cachoeira do Banheiro, a coloração de suas águas muda para barrenta, devido a influência das marés.

A profundidade do Rio varia de menos de 1 metro nas corredeiras e 35 metros nos poços mais profundos. O tipo de fundo do rio é composto por argila e areia. Nas cachoeiras e corredeiras o fundo é formado por rochas sólidas, de coloração preta. A velocidade da água do Rio Calçoene é muito suave, tornando turbulenta nas corredeiras, devido ao desnível destes pontos.

Como o rio deságua no Oceano Atlântico, ele sofre grande influência das marés e, em sua parte baixa, onde há maior amplitude de maré, as águas permanecem paradas. Nas vazantes, a velocidade de sua água é muito forte, apresentado o fenômeno da Pororoca.

De águas mornas, a temperatura das águas de superfície registradas variou de 26 a 27° centígrados.

Ao longo de toda a extensão do Rio, ele se mostra praticamente intocado, com uma boa qualidade de mata ciliar. Há poucas moradias e observou-se pequenos garimpos nas cabeceiras do rio.

Vegetação / Mata Ciliar

Observam-se vários tipos de vegetação aquática, como folhagens tenras, excelentes alimentos para várias espécies de peixes, principalmente o Tambaqui.

A mata ciliar é densa, possuindo muitas árvores frutíferas e palmáceas, em sua maioria ideais para alimento de peixes, tais como o açaí, abiroba, amaparanjuba, araparí, bacaba, camutim, ingá, jenipapo, manga, tucum, seringa, ipê, achoa, taperebá, joaninha, meraúba, pequi, Imeri, etc.

Pescarias

No decorrer da avaliação de pesca, observou-se somente um cardume de Tambaquis adultos. O rio não apresenta obstáculos que impeçam o livre trânsito das espécies e tragam problemas relativos à migrações tróficas ou reprodutivas.

Quanto a abundância qualitativa, foram capturadas as seguintes espécies:

peixes trairao hoplias macrophthalmusTrairão (Hoplias macrophthalmus): pescado no sistema de arremesso, utilizando-se iscas artificiais, do tipo plug de barbela e superfície.

Foi capturado 1 exemplar em 2 dias, considerando como tempo de pesca das 10 h às 17 h e, no segundo dia, das 9h às 14h.

Nesta pescaria os arremessos foram feitos sempre próximos das estruturas, como galhadas, remanso nas cachoeiras e corricando no leito do rio.

Tambaqui: pescado nas cachoeiras, tendo sido capturados 3 exemplares na Cachoeira da Lamparina, em meia hora de pesca, entre 12 às 12:30 horas.

Foi capturada uma fêmea adulta de tambaqui ovada. No decorrer desta pescaria, observou-se somente um cardume de Tambaquis adultos.


Hábitos Alimentares

Quantos a hábitos alimentares e habitat destas espécies, observou-se que:

Trairão: alimenta-se de todos os pequenos peixes; o trairão é encontrado em toda a extensão do Rio Calçoene, à montante da Cachoeira do Banheiro; os petrechos utilizados foram vara de 1,80 metros de ação média, com carretilha média e linha de 22 de resistência e snap. Quanto à composição por tamanho das espécies capturadas, o Trairão de maior comprimento capturado mediu 72 cm. Tambaqui: alimenta-se de frutas, moluscos e musgo de pedras, sendo encontrado nas cachoeiras e poços profundos.

peixes tambaqui colossoma macropomumNa pesca do Tambaqui, capturado nas cachoeiras, utilizou-se como isca o musgo de pedras, sendo os petrechos foram vara telescópica de fibra de carbono, com 5,40 metros de comprimento e molinete pequeno. Linha com 12 libras de resistência, chumbada oliva pequena e anzol tipo maruseigo número 20, encastoada. O maior comprimento do Tambaqui foi de 50 cm e o menor alcançou 28 cm.


Fauna

Foram observados um bando de ariranhas e um tamanduá preto. Segundo depoimento de ribeirinhos, existem na região antas, queixadas, catetos, pacas, quatis, onças, jaguatiricas, capivaras, ariranhas, veados e macacos.

Quanto a aves, foram observadas diversas espécies, tais como: beija-flor, jacu, martim-pescador, sabiá, arara, papagaio, tucano, nambu, socó, coroca, periquito, gavião, andorinha, urubu, curió.


Importante: depoimento de ribeirinhos 

É importante registrar o depoimento colhido de moradores locais:

“De oito anos para cá, a pesca no Calçoene vem diminuindo consideravelmente, devido a constante pesca com redes malhadeiras, zagaia e arpão. No passado, havia grande quantidade de cardumes de tucunarés, pitangas, cumarus, aruanãs, entre outros. Na área com influência das marés, era comum pescar-se piramutabas, arraias, douradas e gorijubas. Também eram encontradas, com abundância, os grandes pirapemas, que subiam o rio e permaneciam nos grandes poços e enseadas de águas limpas”.


Piracema

Segundo relato dos ribeirinhos, por causa das chuvas que ocasionam o aumento do nível das águas, janeiro e fevereiro são os meses em que há formação de cardumes, com ocorrência de Piracema.


Conclusão

Peixes Forrageiros: observou-se a presença de peixes forrageiros, tidos inclusive como ornamentais, mas em pequenas quantidades.

Tambaquis: normalmente encontrados em cachoeiras, nesta pescaria só foram localizados na Cachoeira da Lamparina, num cardume de menos de 10 exemplares. Vale ressaltar que durante a permanência no rio Calçoene, observou-se pouca movimentação de peixes.


Fatores Positivos

  • Proximidade do Município de Calçoene;
  • Potencialmente viável para a pesca esportiva, modalidade “pesque e solte”.


Fatores Negativos

  • Existência de garimpos;
  • Ocorrência de pesca predatória;
  • Sensível redução dos estoques pesqueiros, conforme informações colhidas, possivelmente relacionado à poluição e sobrepesca predatória.


Sugestões

  • Estabelecer posto de fiscalização;
  • Procurar controlar ou eliminar fontes poluentes;
  • Fazer cumprir a legislação ambiental quanto aos garimpos;
  • Fazer cumprir a legislação pesqueira quanto à utilização de petrechos proibidos, tais como redes malhadeiras, zagaia e arpão.

 

Para saber mais