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Polo Ecoturístico dos Lençóis Maranhenses

Relatório de Viagem Técnica
por Roberto M.F. Mourão, coordenador 

 

Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses

maranhao parna lencois maranhenses mapa miniO Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses preserva um ecossistema único de dunas, mangues e restingas.

A unidade encontra-se interrompida pelo grande recorte litorâneo do ”Golfão Maranhense”. Na embocadura do Rio Piriá verifica-se a transição entre duas áreas distintas: a oeste, onde predominam as "Rias" e, a leste, as formações arenosas, formando os chamados ”Lençóis” do litoral do Maranhão.

As Rias são costas de recortes profundos, onde o mar é raso, com praias vasosas (vasoso = que tem vasa ou lodo, vasento), manguezais, dunas, restingas e pequenas falésias.

Os “Lençóis” correspondem a uma série de dunas que se prolongam desde o Golfão Maranhense até a foz do Rio Parnaíba.

A costa apresenta-se baixa, com dunas elevadas, restingas, lagoas e ilhas, raros manguezais e com amplas desembocaduras.


Geologia / Solos

maranhao parna lagoa dunasGeologicamente, a área do Parque é formada, na sua totalidade, por depósitos aluvionares recentes, constituídos por cascalhos, areias e argila inconsolidadas.

As dunas ocorrem principalmente no litoral e avançam em direção ao continente até uma distância de 50 km da costa.

Os solos são formados em sua maioria por Areias Quartzosas Marinhas e pequenas Áreas de Solos Indiscriminados de Mangues.

As Areias Quartzosas Marinhas são solos profundos a muito profundos, com baixo teor de argila, estrutura de grãos simples e baixa fertilidade natural. Compreendem não somente as dunas fixas como também as dunas móveis sem desenvolvimento de horizontes, cuja origem se deve aos efeitos abrasivos dos ventos.

Os Solos Indiscriminados de Mangues são provenientes principalmente da deposição dos detritos dos mangues e da atividade biológica provocada por caranguejos.

São solos muito mal drenados, devido ao fenômeno das marés a que estão sujeitos, alto conteúdo de sais e baixa fertilidade natural. Sobre as Areias Quartzosas Marinhas, são encontradas as coberturas vegetais descritas como Formações Litorâneas de Restinga e de Dunas.

Mangue vermelho (Rhizophora mangle) às margens do Rio Preguiças © Roberto M.F. Mourão, 1999 Flora


Vegetação

maranhao parna preguicas dunasA vegetação encontrada sobre os Solos Indiscriminados de Mangues é conhecida pelo nome de Mangue.

Os manguezais, localizados na ponta noroeste do Parque, são encontrados em solos de vasa, recentes e de pequena inclinação.

Sua composição florística é formada pelo Mangue Vermelho (Rhizophora mangle), que pode alcançar até 12 metros de altura, e portador de raízes escoras, o Mangue-branco (Laguncularia racemosa) e o Mangue-siriúba (Avicenia tomentosa, Avicenia nitida).

A vegetação de praias e dunas sofre o efeito contínuo dos ventos marinhos e da areia. A ação combinada de vento, areia e água do mar dá àvegetação um aspecto característico.

preguicas out1999 flora manguezal raizesEntre as espécies mais comuns, citam-se o Capim-da-areia (Panicum racemosum) que vive próximo a área lavada pelas ondas, Alecrim-da-praia (Remirea maritima), Carrapicho-da-praia ou Espinho-de-roseta (Acicarpha spathulata), Pimenteira (Cordia curassavica), entre outras.

Nas restingas ocorrem espécies que não estão diretamente sujeitas às ações das vagas, porém estão correlacionadas com a proximidade do oceano, seja pela influência do ar marinho ou pelos solos essencialmente arenosos.

Para esta formação, as seguintes espécies são ocorrentes: Cipó-de-leite (Oxypetalum sp), Orquidea-da-restinga (Epidendrum ellipticum), Erva-de- cascavel (Crotallaria striata), Sumaré-da-areia (Cyrtopodium sp), Araticum (Annona coriacea), Janaúba (Plumieria sp), Cebola-da-restinga (Clusia lanceolata), Mangabeira (Hancornia speciosa), entre outras.


Fauna


Nos períodos de postura de ovos, podem ser observadas nas praias do Parque algumas espécies de tartarugas-marinhas, como a tartaruga-verde (Chelonia mydas), a Tartaruga-comum (Lepiduchelys olivacea), a Tartaruga-de-pente (Eritmochelys imbricata) e a maranhao parna fauna veado mateiro mazana americanaTartaruga-de-couro (Dermochelys couriacea).

As aves, principalmente as migratórias, utilizam a região como ponto de apoio em suas viagens. Destaca-se o Trinca-reis-boreal (Sterna hirundo), que é observado no Brasil no período não reprodutivo e pode-se considerar um visitante regular, e o Maçarico-rasteirinho (Calidris pusilla), que é uma espécie de pequeno porte e procedente do ártico.

Numerosos indivíduos de Marreca-de-asa-azuis (Anas dicors), visitantes setentrional e oriundos dos Estados maranhao parna fauna cabure Glaucidium brasilianum fase ferrugineaUnidos da América, podem ser observados na área do Parque pelos meses de fevereiro a abril. No mangue, ocorrem muitas espécies de peixes, crustáceos e moluscos, além das Jacaretingas (Caiman crocadilus), que se alimentam de peixes.

maranhao parna fauna paca agouti pacaQuanto a mamíferos, espécies como o veado-mateiro (Mazama americana) e a Paca (Agouti paca), também podem ser encontradas dentro dos limites e no entorno do Parque Nacional.


Visitação

A visitação é permitida com autorização concedida pelo Departamento de Unidades de Conservação do IBAMA, em Brasília. O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses não conta com infraestrutura para acomodação e locomoção dos visitantes.
 

Lagoas e Dunas

As lagoas na realidade são afloramentos do enorme lençol freático que fica exposto no cavado das dunas.

maranhao dunas detalheOs Lençóis Maranhenses são o maior campo de dunas da América do Sul, com uma área de 1.500 quilômetros quadrados.

Ali há  rios, dunas fixadas pela vegetação da restinga, manguezais e lagoas permanentes. Mas dois terços do parque são mesmo cobertos por dunas de areia livre, que num dia de vento forte podem se deslocar até 10 centímetros.

Ao longo dos 50 quilômetros de linha costeira do parque há uma praia plana com largura entre 600 metros e 2 quilômetros, além da qual aparecem dunas com 10 metros a 20 metros de altura, ligadas umas às outras, formando longas cadeias sinuosas com até 75 quilômetros de extensão, que adentram mais de 20 quilômetros em direção ao interior. A aparência de lençóis amarrotados dessas cadeias deu origem ao nome do parque.

maranha lagoa azul landrover mergulha lagoaDiferentemente de outros desertos, os Lençóis recebem relativamente muita água: até 2 mil milímetros de precipitação anual. Mais de 90% dessa chuva, porém, cai concentrada entre janeiro e julho, quando é absorvida rapidamente pela areia, elevando o lençol freático acima do chão e enchendo as lagoas temporárias entre as cadeias de dunas, que quase não se mexem nessa época do ano devido à umidade e à falta de vento.

Chegando a mais ou menos um metro de profundidade na estação chuvosa, as lagoas secam ao longo do segundo semestre, quando os ventos predominam, soprando sempre do leste, alcançando a velocidade de 70 quilômetros por hora.

A dinâmica de um campo de dunas litorâneas sob o efeito da água das chuvas, um grupo de físicos descobriu que os Lençóis Maranhenses parecem existir por conta de uma simples coincidência entre o ritmo anual de subida e descida do nível de seu lençol freático e a intensidade com que o vento vindo do mar faz as dunas crescerem e se movimentarem.

maranhao parna dunas formacao

  1. Os maiores rios desse trecho da costa maranhense, como o Preguiças e o Parnaíba, desaguam no Oceano Atlântico carregam muita areia, resultado da erosão das águas sobre seus leitos profundos.
  2. A corrente equatorial marítima, que flui so sentido leste-oeste, deposita depois os grãos de areia na longa praia dos Lençóis.
  3. O incessante vento Nordeste entra então em ação, levando a areia de volta ao interior do continente. Ele sopra com mais força entre outubro e novembro e desenha dunas imensas, que chegam a ter 30 metros de altura. A maior parte das dunas é de um tipo conhecido como ‘barcana’ - elas têm sua parte convexa, a ‘barriga’, voltada para direção do vento.

Ilustração: revista Terra, setembro 1988.

 

  

Polo Ecoturístico dos Lençóis Maranhenses 
Relatório de Viagem Técnica 
outubro 1999