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Captação de Recursos

Fonte: Manual Turismo de Aventura - Busca e Salvamento
Autor: Roberto M.F. Mourão, EcoBrasil

 

"Captação de Recursos é o processo de solicitação de apoio financeiro (geralmente como doações) por uma causa não comercial." (Process of soliciting financial support - usually as grants, for a non-commercial cause.) Business Dictionary
          

Captação de Recursos no Brasil

A Captação de Recursos no Brasil tem sido o grande desafio das organizações sociais e ambientalistas.

Primeiramente, porque essas instituições sustentam-se basicamente por meio de doações. Depois, as habilidades de captação de recursos junto ao governo, organizações multilaterais e setor privado são precárias.

Há pouca prática e conhecimento por parte das entidades no estabelecimento de relações e parcerias capazes de minimizar custos e esforços, bem como garantir resultado mais relevantes dos programas e projetos. Muitas das Ongs brasileiras sustenta-se com recursos externos.

A atividade de captação de recursos nunca esteve tão em evidência no Terceiro Setor como nos últimos anos. Cursos de formação nesta área se espalham pelo país e a busca por profissionais qualificados também tem aumentado. O motivo para tal postura adotada pelas entidades não poderia ser outro: o Terceiro Setor cresceu no país e, com isso, a concorrência entre as organizações por um apoio e recursos financeiros, também. São muitas as entidades em busca de verba para seus projetos e atividades.

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De acordo com uma pesquisa divulgada no final de 2004 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2002, existiam mais de 250 mil instituições privadas sem fins lucrativos no país. Nos últimos seis anos, o número de organizações sociais no Brasil subiu 157%: pulou de 107 mil para 276 mil. Além disso, as entidades que têm como foco o desenvolvimento e defesa dos direitos quadruplicaram no período: 11 mil para 45 mil. Entre as que defendem direitos, destacam-se centros e associações comunitários (23,1 mil, com crescimento de 335%). E tudo isso ocorreu recentemente. O estudo do IBGE aponta que as organizações do Terceiro Setor em geral são novas: 62% foram criadas após 1990.

Uma pesquisa realizada por Lygia Fontanella a 546 fundações internacionais pesquisadas, apenas 20% têm algum interesse em investir no Brasil. A economista lembra ainda que as agências internacionais, ligadas a ONU, como a Unicef, a FAO, a Unesco, preferem investir em pequenas organizações. As grandes entidades têm chances de se destacarem nessa concorrência se atuarem da área ambiental. Mas, internamente, as empresas estão investindo cada vez mais.

De acordo com a V Pesquisa Nacional Sobre Responsabilidade Social, divulgado em julho de 2004 pelo do Instituto ADVB de Responsabilidade Social, houve um aumento de 61% do investimento em projetos sociais realizados pelas organizações: cerca de R$ 400 mil a mais no ano de 2003 do que foi investido em 2002. Das empresas que responderam ao questionário, 89% desenvolvem ações sociais voltadas à comunidade e 64% incentivam a participação de funcionários-voluntários nestas atividades. E isso se reflete até mesmo nas microempresas. Segundo dados apresentados em fevereiro pelo IPEA, a contribuição das empresas - com um a 10 empregados - aumentou 15% no Sudeste e 29% no Nordeste. Elas representam cerca de metade do total de empresas. No Nordeste, a participação das empresas com mais de 500 empregados cresceu 49% entre 1999 e 2003, de 63% para 94%, próximo da participação das grandes empresas do Sudeste, 96%.

O fortalecimento e crescimento do Terceiro Setor levaram a profissionalização da gestão das organizações sem fins lucrativos. Este processo de profissionalização, ainda em curso, coloca em evidência duas áreas em específico: elaboração de projetos e captação de recursos.

O Terceiro Setor como um todo está se profissionalizando. Isto se deve em parte a sua expansão e fortalecimento e, em parte, a pressão dos doadores. Uma empresa quando começa a doar exige projetos bem elaborados, planos de avaliação, entre outros. O doador está mais profissionalizado e ele começa a exigir também das organizações esse profissionalismo.

As profissões de elaborador de projetos e captador de recursos são quase que exclusividade do Terceiro Setor. São carreiras que nasceram no Terceiro Setor, são específicas do Terceiro Setor e que exigem conhecimento específico.

As organizações despertaram, de repente, para essas carreiras, pois antes de pensar em ter uma outra vaga de especialista, por exemplo, elas pensam em alguém que capte recursos. Não necessariamente contratam um funcionário especial para captar recurso, mas pelo menos irão pensar uma pessoa que possa alocar metade do seu tempo para fazer este serviço.

Além da identificação da importância deste profissional para a sobrevivência da entidade, temos de levar em conta que, em 1995, havia cerca de 250 mil organizações da sociedade civil registradas. Hoje, com o aparecimento de outras tantas organizações da sociedade civil, esse número pula para quantos mil? E o volume de dinheiro doado por empresas e indivíduos não cresceu tanto assim.

Há uma atenção maior à captação de recursos, à busca de mais captadores de recursos, mas não se sabe ao certo se foi à concorrência e a falta de dinheiro que fortaleceu a área, ou se esta ganhou visibilidade por ser fundamental do ponto de vista estratégico.

É preciso destacar que, como a forma de captação de recursos faz parte da estratégia de atuação das organizações, o que funciona para algumas não funciona necessariamente para outras. O Greenpeace, por exemplo, não aceita doações de empresas privadas ou de governos. Sua base de captação de recursos é doações de pessoas físicas identificadas com sua causa e com seu modo de ação. Já, outras organizações, como o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, têm como base de sua captação de recursos a doação e patrocínio de atividades por parte de empresas privadas.

Definir os potenciais financiadores é tarefa que não pode faltar num plano de captação. É preciso encontrar os doadores adequados para cada área. Por isso, é preciso conhecer muito bem a missão, os objetivos e metas da entidade.

Dentro de uma mesma área, por exemplo, como "criança", é preciso focar: é bebê, primeira infância ou creche?

Ou, na área ambiental, “vida silvestre”, o que se focará - espécies da fauna (mico-leão-dourado ou tartarugas) ou da flora (desmatamento, degradação ambiental ou recomposição de matas ciliares)?

A estratégia pode ser diferente também levando em conta o porte da entidade.

 

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