Meio Socioeconômico

Nos primeiros anos de colonização do território brasileiro ocorridos no século XVI, a Baía da Ilha Grande proporcionava excepcional articulação da zona costeira com o interior do continente americano.

Aliada a essa importância, a implantação do denominado “Caminho do Ouro” (estradas de Paraty utilizadas para transporte de ouro e diamantes explorados em Minas Gerais), fez da região a primeira rota para a colonização do interior.

O local da colonização inicial de Paraty foi o Morro de Vila Velha (hoje denominado Morro do Forte) sendo que a escolha foi influenciada, inclusive, pelo fato de apresentar condições de abrigo seguro e propício para a navegação das embarcações que vinham do Rio de Janeiro ou diretamente da Europa entre os séculos XVI e XIX.

Este povoado desenvolveu-se lentamente ao longo do século XVII, sendo que na primeira metade desse século, transferiu-se do primitivo sítio no alto do morro para uma várzea entre a margem direita do Rio Perequê-Açu e a margem esquerda do Rio Patitiba.

Anos depois, devido à necessidade de defesa do Caminho do Ouro e do porto do ouro, o mais importante e sofisticado sistema de fortificações foi implantado no cume desta elevação, em 1793.

Em 1822, restaurado, este sistema passou a ser chamado de Forte Defensor Perpétuo com alojamento, terrapleno, trincheiras, canhões e casa de pólvora.

Em meados de 1970, o Forte é desapropriado por Utilidade Pública, passa a pertencer à União e o alojamento passa a abrigar o Museu de Artes e Tradições Populares de Paraty.

 

Figura 3: Linha do Tempo da implantação e restauração do Forte Defensor Perpétuo. Fonte: Eco Brasil.

Em 1974, a maior movimentação cultural sobre Paraty concretizou-se, com a construção da rodovia Rio-Santos (BR 101), deixando obsoleto o Caminho do Ouro e incluindo o turismo como importante economia. Desde sua construção a população de Paraty triplicou e sua economia saiu da incipiente produção pesqueira artesanal e das roças de subsistência para a especulação imobiliária.

Hoje, o Caminho do Ouro, o Centro Histórico de Paraty e o Forte Defensor Perpétuo, compõem um conjunto de alto valor de paisagem e de cultura.

No entanto, embora tenha aumentado o fluxo turístico e instalações de novas residências de veraneio, há tentativas de controle sobre as pressões inerentes ao crescimento urbano. Algumas medidas atuais colaboram para esta limitação: leis de Uso e Ocupação do Solo, de Parcelamento, portarias do IPHAN, Zoneamento Geral do município, Código de Obras e Plano Diretor de Paraty. Estes preceitos aliados à atuação do Instituto de Florestas colaboram, inclusive, com a preservação do morro.

Mais especificamente o Morro do Forte, apresenta atrativos de relevante interesse ecoturístico: histórico-cultural, cênico, arqueológico, ambiental e educacional. Neste sentido, a influência socioeconômica do Morro do Forte, reflete no município de Paraty como um todo. Esta área tem sua delimitação proposta na figura abaixo.

Figura 4: Mapa de detalhe da localização da Área de Estudo e sua área de influência.

Atualmente, a elevação é ocupada predominantemente por vegetação de espécies nativas. Espaços com gramíneas são observados próximos às instalações do Forte no trecho nordeste, onde pode-se observar também afloramento de rochas. Na porção sudoeste e sul, contornando o morro, encontram-se instaladas arruamentos e construções irregulares ocupadas por pescadores e casas de veraneio.

Trilhas no trecho sul-nordeste servem como conexão pelos turistas que seguem rumo ao afloramento rochoso para avistar a paisagem da Baía da Ilha Grande. Outra trilha, que contorna o cume do morro com extensão até as rochas, tem maior serventia para contemplação da vegetação interna da elevação.

Figura 5: Mapa de detalhe do uso do solo da área de estudo.